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sábado, 1 de setembro de 2018

Cálculo de preços dos produtos na industria


1  Introdução

Primeiramente deve-se ter em mente, que o mercado é quem diz o preço de um produto ou serviço. Não adianta nada cobrar por um carro popular o preço de um carro de luxo, pois ninguém comprará. Sendo assim, qual o motivo de se calcular o preço se no final é o mercado quem vai impor? Simplesmente porque é necessário saber, se cobrando aquele preço de mercado, será possível pagar as despesas e ainda, ter lucro, ou seja saber se o produto é viável na sua empresa.
Para realizar um trabalho se consome: materiais, que são todos os objetos adquiridos com propósito de utilização na sua conclusão, serviços de outras pessoas ou empresas, algumas outras despesas comuns a qualquer organização e ainda são adicionadas, ao preço final, várias taxas percentuais tais como: impostos e comissões que são inerentes aos produtos/serviços.
Eis as informações básicas que são necessárias para se calcular um preço de um produto na industria:
    a) Total de despesas, em determinado período;
    b) Quais os materiais diretos e suas quantidades para cada unidade de produto;
    • Os materiais diretos são aqueles que podem ter suas quantidades medidas para cada unidade do produto, como parafusos, componentes elétricos, etc;
    c) Quantidade do produto que poderá ser produzida no mesmo período;
    d) Quais as taxas percentuais a se adicionar ao preço final.

2  Os dados

Todas as organizações possuem as despesas listadas abaixo e até algumas mais, dependendo do tipo de produto, dos métodos de produção, da localidade, etc elas estarão presentes sempre, seja para uma pequena empresa com alguns funcionários ou mesmo uma grande Industria.
Geralmente se toma como período básico o mês, algumas despesas acontecem uma vez a cada mês, como os salários e seus encargos por exemplo, enquanto outras acontecem diariamente, por exemplo: as despesas com veículos.

2.1  As despesas comuns às empresas

Para se conhecer o “peso” das despesas de uma empresa é necessário classificar todas elas, existem inúmeras destas listas mais ou menos padronizadas para cada tipo de negócio.
Eis uma lista bem comum:
    a) Salário de todas as pessoas (inclusive de proprietários que ocupem algum cargo);
    b) Encargos sobre os salários;
    c) Outras despesas com pessoal – alimentação, transporte, plano de saúde, etc;
    d) Materiais indiretos – aqueles dos quais não é possível medir a quantidade para cada produto;
    e) Materiais de escritório;
    f) Despesas com manutenção e reparos;
    g) Fretes, carretos, motoboy, etc;
    h) Impostos e taxas indiretos – IPTU, licenças, alvarás, etc;
    i) Depreciações dos equipamentos;
    j) Despesas com veículos;
    k) Despesas com treinamento de pessoal e desenvolvimento de novos métodos e serviços;
    l) Despesas com viagens;
    m) Despesas legais e financeiras;
    n) Despesas com propaganda e marketing;
    o) Leaseng de equipamentos;
    p) Honorários profissionais;
    q) Associações de classe;
    r) Telefones, taxas postais, internet, etc;
    s) Aluguéis;
    t) Seguros diversos;
    u) Outras despesas que não se encaixem em nenhum dos itens anteriores.
O levantamento e o monitoramento são feitos, anotando-se todos os valores gastos na empresa para cada um dos itens da lista, durante todo o mês. Aquelas despesas que acontecem apenas uma vez a cada ano devem ter seus valores divididos por 12 para se obter o valor mensal da mesma. Com isto serão conhecidos os valores individuais de cada um destes itens e no final do mês a totalização da lista fornecerá o valor total das despesas da empresa no mês.
Outro detalhe é que se fazendo uma lista de todas estas despesas e as classificando será conhecido, ao longo do tempo, quais estão demasiadamente altas ou baixas para que se possa atuar sobre elas.
Por exemplo: se ao analisar as despesas, for observado que o consumo de combustível está muito alto muito provavelmente se concluirá que existe movimentação desnecessária de veículos.

2.2  Materiais diretos

Todos os materiais que podemos medir suas quantidades em cada unidade do produto são ditos materiais diretos como por exemplo os parafusos, componentes elétricos, etc. Basta ter uma lista desses materiais para cada produto com os respectivos preços de custo. Vale lembrar que todas as taxas e custos adicionais como impostos de importação, fretes, etc, devem ser adicionados aos preços desses materiais, assim como os descontos e também os  créditos de impostos devem ser retirados deles. Ou seja: é o quanto a empresa tem que desembolsar para ter o material colocado no posto de trabalho de seu setor de produção no momento em que será utilizado.

2.3  A capacidade de produção no período

Um dos métodos mais simples e mais utilizados para  adicionar o valor das despesas da empresa ao preço dos produtos na proporção correta é por: horas de trabalho por produto e para por em prática esse método se faz inicialmente um questionamento aos profissionais que executarão as operações sobre quanto tempo levará para executar cada uma delas, assim terá o tempo total a ser consumido para se produzir aquele produto e quando o produto estiver sendo produzido de fato se pode medir e checar esses tempos.
O outro lado da moeda é saber o quanto custa cada hora de trabalho na produção de seus produtos, neste caso deve-se conhecer o total dessas horas.
Devem ser somados os tempos, em que aqueles que trabalham executando as operações, se dedicam a essas atividades. Alguns trabalharão em tempo integral, outros cinco horas por dia ou duas horas por dia, conforme exista ou não acumulação de funções, todos estes tempos devem ser somados para se obter o total de horas trabalhadas por mês, (só para frisar bem, são horas trabalhadas na produção) este dado é comumente chamado de: “homem-hora”.
Outro detalhe importante é a respeito das horas, que devem ser aquelas efetivamente trabalhadas. É comum usar 160 horas por pessoa por mês, para quem trabalha em tempo integral na produção. No caso do dono de uma pequena empresa que também trabalha umas três horas por dia, na produção, serão: 3 horas X 20 dias = 60 horas (20 dias ao mês, também é uma espécie de convenção: 4 semanas x 5 dias = 20 dias).
Dividindo-se o total das despesas da empresa pelo número de horas trabalhadas (homem-hora) sem tem o custo por hora de trabalho.

2.4  Taxas que compõem o preço final

O preço de qualquer produto ou serviço possui uma série de taxas percentuais que o compõe, além dos custos de materiais e das despesas.
Aqui se considera como taxa, tudo aquilo que é um percentual no preço final, tal como: impostos, lucro, comissões, etc. Cada tipo de trabalho/produto/legislação ou mesmo filosofia organizacional, faz com que existam, combinações diferentes para as taxas e as mais comuns são:
    a) Impostos;
    b) Comissão;
    c) Lucro.
Uma confusão muito comum que se faz, nos pequenos negócios, é não diferenciar o lucro que é um percentual do preço final do produto com o salário pago ao proprietário da organização que ocupa um cargo na mesma, esse salário com já mencionado é uma das despesas da empresa.

3  Cálculo

De posse do valor total das despesas, da quantidade de horas trabalhadas na produção, do valor dos materiais consumidos diretamente por cada unidade do produto e das taxas, já de pode fazer os cálculos.

3.1  O custo do produto

Nesse ponto ainda não se tem o preço a ser cobrado pelo produto, mas os valores que empresa deverá desembolsar para produzi-lo.
O custo do produto nada mais é que a quantidade de horas despendidas na sua produção multiplicadas pelo valor do custo por hora de trabalho e somado ao valor dos materiais que sejam utilizados, especificamente, no referido produto.
Aqui se terá em mãos o Custo de produção.

3.2  O Preço final do produto

O preço final é o valor do custo de produção acrescido dos impostos, do percentual de lucro e das demais taxas.

3.3  Demonstração

Um preço hipotético comumente teria as taxas listadas abaixo:
    a) 10% de impostos;
    b) 5% de comissão;
    c) 10% de lucro.
A soma dessas taxas é 25%, portanto, o custo de produção deve representar os 75% restantes do preço final.
Uma maneira usual de calcular o preço é dividir o custo pelo decimal equivalente ao percentual que ele representa (75% em decimal é 0,75).
Por exemplo: 10 horas de trabalho, custando R$100,00 por hora, serão R$1.000,00 mais os materiais diretos no valor de R$500,00 totalizarão um custo de produção de R$1.500,00 que dividido por 0,75 dará um preço final de: R$2.000,00.
Decompondo o preço final:
    a) Preço final 100% = R$2.000,00;
    b) Impostos 10% = R$200,00;
    c) Comissão 5% = R$100,00;
    d) Lucro 10% = R$200,00;
    e) Custo de produção 75% = R$1.500,00;
    • Despesas = R$1.000,00
    • Materiais diretos = R$500,00

Assim, alterando as taxas percentuais se alterará o percentual que o custo de produção representará no preço e o decimal pelo qual esse custo será dividido para se obter o preço final.
Ou seja os mesmos materiais e o mesmo valor de despesas (um mesmo custo de produção) pode produzir preços finais diferentes dependendo das taxas aplicadas.

4  Conclusão

Primeiro ponto: no caso do cálculo fornecer um preço acima do preço de mercado, existem duas possibilidades:
    a) Retirar-se o lucro pois alguns trabalhos podem ser importantes e executá-los poderá ser estratégico por várias razões;
    b) Diminuir as despesas.
Lembre-se! Tirar os itens de despesas da lista, ou atribuir valores baixos e continuar a tê-los na prática, o levará à falência. Caso nada disto faça o preço ficar dentro do preço de mercado, aceitar o trabalho significará ter prejuízo.
Segundo ponto: no caso do cálculo fornecer um preço  muito abaixo do preço de mercado, deve-se inicialmente rever os cálculos e persistindo o preço abaixo do mercado então pode-se oferecer descontos extras, ou ter lucro extra.
Finalmente: pode-se usar a lista de despesas, para distribuir o dinheiro recebido pelos produtos. Assim no final do mês, cada item de despesa terá sua verba reservada.